Lobisomem

Originário da Europa, o Lobisomem é uma criatura mitológica presente na cultura mundial, e é muitas vezes retratado como uma lenda urbana, principalmente, em interiores, como fazendas, sítios, vilas, aldeias, e entre outros.

Ao que parece, existem dois tipos de lobisomens, aqueles que são retratados como lobos mutantes, e os que são vistos como seres híbridos entre um homem e um lobo.

Embora hajam algumas variantes, a versão mais conhecida é a qual alega que essa criatura é metade-homem e metade-lobo, tendo originado essas características após ter sido amaldiçoado com a Licantropia. E é daí que surge a lenda alegando que os amaldiçoados com essa doença, transformam-se em Lobisomem durante as noites de lua cheia.

Surgimento

Curiosamente, a Metamorfose é algo que sempre esteve presente na Antiguidade, e pode ser encontrada até mesmo na obra literária mais antiga do mundo - a Epopéia de Gilgamesh, este que era um poema épico da Mesopotâmia, lançado pelos Sumérios, por cerca de 5000 a.C. Podemos dizer que a associação do homem com o animal (incluindo o lobo), é extremamente antiga, principalmente na cultura oral.

É bem possível que a sua origem tenha sido na Grécia Antiga, apesar de haver diferentes versões nesta tradição, uma das versões conta a história de um rei chamado Licaon, que reinou em uma região chamada Arcádia e foi punido por Zeus, após tentar matá-lo. Isso aconteceu porque Licaon era conhecido por realizar o sacrifício de viajantes que passavam por seus domínios. Zeus, então, disfarçou-se de viajante, dirigiu-se à Arcádia e foi recebido por Licaon em um jantar. O rei da Arcádia ofereceu carne humana para Zeus, que, enfurecido, puniu-o transformando-o em lobo para sempre.

Inclusive, a tradição grega envolvendo o Lobisomem deu nome à lenda, pois este ser também é conhecido como Licantropo, tendo "Lykos" como significando de lobo, e "Anthropos", fazendo referência direta ao homem. Por fim, existem alguns estudos que apontam que o lobo era um animal que recebia culto na Antiguidade, e esse culto acabou sendo difundido na Roma Antiga.

WEREWOLF — Lapsos de Memória podem indicar apagões durante os ataques.

As Características de um Licantropo

Dizem as lendas, que existe algumas maneiras de descobrir se alguém sofre de Licantropia:

Humor Instável
Ausência de Apetite
Baixa Auto-Estima
Sede Excessiva
Cansaço Exagerado
Lapsos de Memória

Disseminação

Na Roma Antiga, além de ter existido um culto ao lobo por meio de uma celebração, denominada como festa dos lobos, e que era também conhecida como Lupercália, existia também a história de um homem que se transformava em lobo, e lá, este era conhecido como Versipélio. Como os romanos conquistaram uma quantidade vasta de territórios, a crença no homem que se transforma em lobo espalhou-se por toda a Europa.

A expansão da lenda fez com que ela tomasse novas características, e em cada local acabou ficando conhecida por nomes diferentes.

Se na Grécia ficou conhecido como licantropo, e em Roma, como Versipélio, em outros locais da Europa, recebeu os seguintes nomes:

Na França ele era conhecido como "Loup-Garou"
Entre os Saxões, ele recebeu o nome de "Werwolf"
Na Rússia, ele ficou conhecido como "Oboroten"
E foi na Península Ibérica, que ele adquiriu o termo "Lobisomem"

Naturalmente, a lenda do lobisomem chegou ao Brasil por meio dos portugueses, durante o período em que esses colonizavam o Brasil.

LOBISOMEM_A_HISTÓRIA_QUE_INSPIROU_A_LENDA — LOBISOMEM A HISTÓRIA QUE INSPIROU A LENDA

Conteúdo produzido por Antônio Bôco

O Lobisomem da Amazônia

Na Amazônia, em regiões que envolvem não só o Brasil, mas como também o Peru e a Bolívia, acredita-se que o Luison, uma criatura tupi-guarani, tinha poder sobre a morte. Similar a um grande cão ou um lobo sul-americano, o Luison tem barbatanas de peixe, e é o sétimo filho homem de Tau e Keraná. Uma criatura com metade das características de um cachorro muito grande e um homem. Entretanto, não se sabe se o mito foi misturado com os contos portugueses depois da colonização.

As Variantes

O único problema dessa lenda é que ela possui um número imensurável de variantes, o que é compreensível, considerando que é mundialmente conhecida, abaixo você confere uma lista delas:

Um homem simplesmente foi mordido por um lobo e ficou amaldiçoado.
A Licantropia foi resultado de um pacto do homem com o Diabo.
O 7° Filho, de um casal, em que os anteriores sejam todos mulheres, se tornará um Lobisomem aos 13 anos.
O 8° Filho, com aparência pálida, orelhas grandes e nariz avantajado, provavelmente se tornará Lobisomem.
A criatura somente se transforma numa encruzilhada nas noites de sexta-feira e, ao amanhecer, retorna à encruzilhada para se transformar em homem novamente.
Gosta de raptar bebês não batizados e, por isso, muitas famílias batizam suas crianças rapidamente. Por essa perspectiva, se a criança não for batizada, está propensa a virar um lobisomem.
Possui olhos vermelhos.
Possui olhos amarelos.
Possui uma preferência por épocas de Quaresma.
Maldição hereditária.

Licantropia Clínica

Embora o Lobisomem seja retratado como uma figura fantástica que beira o folclore mundial e faz com que muitas pessoas questionem a sua ou não-existência, existe um distúrbio psicológico muito peculiar chamado Licantropia Clínica, em que os portadores acreditam fielmente que são lobisomens.

Comumente, os portadores dessa doença tem alucinações que são acompanhadas pela percepção de supostas alterações corporais; a forma e o tamanho da boca ou dos dentes, ou até mesmo a sensação de que estes dentes estão diminuindo ou aumentando, são sensações que se manifestam nos pacientes. Aliás, o nome dessa doença é uma baita de uma alusão à mitologia dos Lobisomens.

Há também uma condição chamada Zoantropia, sendo esta utilizada para descrever casos nos quais os indivíduos acreditam que são capazes de se transformar não só em Lobos ou Lobisomens, mas como qualquer outro animal.

As Causas da Licantropia Clínica

Especialistas sugerem que a presença de lesões neurológicas e comprometimento cognitivo associado à evolução de outras doenças que o paciente possa ter anteriormente, é uma das possíveis causas da Licantropia Clínica. Apesar da doença ser raríssima, alguns pesquisadores foram capazes de obter imagens do cérebro de alguns pacientes, e registros do funcionamento cerebral. Os registros cerebrais desses pacientes parecem indicar que no momento em que acreditam estar se transformando, existe um padrão anormal em sua função cerebral. Quanto às informações obtidas pela neuroimagem, foi observada a presença de alterações nas regiões do cérebro que processam a Propriocepção e a Percepção Sensorial, alterando assim o Córtex Somatossensorial.

Já outros teóricos alegam que essa alteração pode dever-se a algum fator remanescente da evolução sociocultural como espécie, sendo frequente em culturas antigas que imitavam o lobo ou outros animais com o objetivo de obter suas características associadas (força, velocidade, ferocidade), para que estas beneficiem nossa sobrevivência. Aqueles que têm essa alucinação podem estar inconscientemente buscando adquirir as qualidades dos animais que alucinam, como uma maneira de lidar com situações de frustração ou estresse.

Na Psicanálise, a visão da transformação foi explorada como o fato de deixar ser o que somos, alegando que a alucinação é uma forma de evitar a culpa, ou enfrentar os conflitos, e também poderia surgir como uma maximização mental das mudanças corporais que experimentamos ao longo de nosso desenvolvimento evolutivo. Em geral, a Licantropia Clínica é classificada como sendo um distúrbio psicótico, além disso, tem sido associada à experimentação de episódios maníacos, nos quais, diferentes tipos de alucinações, podem aparecer.

Habilidades

Super-Strength - Lobisomens são ditos por possuírem uma força descomunal.
Biokinesis - Aspectos anatômicos são alterados durante a transformação.
Velocidade - Na maioria das lendas envolvendo Lobisomens, eles geralmente parecem ser bem mais rápidos do que o normal.
Metamorfose - Poder meio óbvio, considerando sua capacidade de mudar a sua fisiologia corporal.

Vulnerabilidades

Bala de Prata no Coração - Por alguma razão, a Prata é retratada como o principal mecanismo de defesa contra um Lobisomem, podendo ser capaz de matar a criatura.
Fogo - Algumas lendas sugerem que eles não são imunes ao fogo.

Observações

É extremamente difícil tentarmos estabelecer um parâmetro para o Lobisomem, visto que a lenda é conhecida mundialmente, e sofre inúmeras alterações, e distorções.
Na Idade Média, as florestas eram vistas como locais fora dos limites da lei, para eles, era um local onde habitava seres banidos da companhia humana - os lobisomens e as "casas dos demônios".
Certa vez, os Nazistas criaram uma operação de guerra chamada "Werwolf", uma força de elite afim de infiltrar-se nos territórios dos Aliados - curiosamente, em um livro de ficção chamado "Wolf Hunter" de J. L. Benét, o autor atribui à estes soldados nazistas com a metáfora de lobisomens.
Apesar da lenda existir desde a Grécia Antiga, parece que por algum motivo ela ganhou força depois do Século 16.
Ele também pode ser chamado de Licantropo.