Leviatã

Na Demonologia, o Leviatã é visto não só como um gigantesco monstro marinho, mas como também um dos sete príncipes do Inferno, sendo o responsável por representar a Inveja.

Remontando às profundezas desconhecidas e temidas, é dono de uma verdade oculta, instigando uma natureza horrível diante da existência e da luta. O Leviatã é visto pelos demonologistas como uma criatura exorbitante e poderosa que continuamente reúne forças para atacar todas as religiões do mundo, sendo também considerado uma imparável força interior do homem.

Bíblia Sagrada

Essa criatura já foi mencionada algumas vezes na Bíblia Sagrada, nos livros de Salmos, Jó, Ezequiel e Isaías. Nesses textos, o Leviatã é visto como monstruoso, portanto com a ausência de aspectos demoníacos.

Inclusive, no livro de Jó, tanto Behemoth, quanto Leviatã, são listados ao lado de vários animais comuns, como cabras, águias e falcões, isso acaba levando alguns estudiosos cristãos a supor que Behemoth e Leviatã podem representar criaturas mundanas. O animal mais frequentemente associado com o Leviatã é o Crocodilo do Nilo, um animal aquático, escamoso e que possui dentes ferozes. O livro de Jó afirma que os olhos de Leviatã são como as pálpebras da manhã. Alguns estudiosos comparam este versículo (41:18) aos olhos de um crocodilo, que sobem da água antes do resto de sua cabeça, supostamente assim aderindo-se a imagem do sol nascendo no horizonte.

O único problema dessa comparação excêntrica, é que nesse mesmo capítulo (41), o Leviatã é também descrito como um dragão que cospe fogo, o que cá entre nós, manda toda a teoria envolvendo o crocodilo por água á baixo.

Há também no livro de Jó a alegação de que essa criatura possuíria uma força descomunal e que teria uma pele extremamente resistente (41:18-35). Em Salmos (104:26) é afirmado que Deus criou o mar para que inúmeros seres, grandes e pequenos, incluindo o Leviatã, pudessem habitar, nesse texto o Leviatã é descrito como sendo uma criatura criada por Deus, talvez seja diante deste conceito em que aplica-se à dedução de sua suposta existência.

Interessante é que o profeta Ezequiel utilizou o termo hebraico "Tanniym", que pode ser traduzido como “monstro do mar” ou “crocodilo”, como referência simbólica ao Egito e seu Faraó (Ez 29:3-5). De forma semelhante, na profecia do profeta Isaías, Leviatã também é aplicado como uma referência simbólica ao mal (Is 27:1).

Talmud

No Talmud, o Leviatã é mencionado, nitidamente, várias vezes:

Avoda Zara (3b): Nesta passagem do Talmud, Rav Yehuda alega que cada dia teria doze horas. Nas primeiras três horas, Deus senta e folheia a Torá, nas três horas seguintes, ele senta e julga o mundo. Após isso, há mais três horas em que Deus alimenta o mundo inteiro... o quarto período de três horas refere-se à algo no mínimo interessante, diz-se que Deus faz as preces com o Leviatã, está escrito no Talmud que o Leviatã foi criado para servir de companhia durante às preces.

Moed Katan (25b): Nesta passagem, Rav Ashi tem uma conversa com Bar Kipok onde é mencionado a criatura:

Rav Ashi - "O que será dito no meu funeral?"

Bar Kipok - "Se uma chama pode cair em um cedro, que esperança tem uma pequena árvore? Se um leviatã pode ser fisgado e transportado para a terra, que esperança teria um peixe em uma poça?"

Há uma outra referência à criatura, que remete-se ao Sucot, que pra quem não sabe é um festival judaico, o qual termina com uma oração: "Que seja sua vontade, Senhor, nosso Deus e Deus de nossos antepassados, que assim como eu cumpri e habituei nesta barraca, assim, no ano que vem, mereço morar na barraca de pele do Leviatã. No próximo ano em Jerusalém."

No livro de orações de Artscroll (p. 725) é acrescentado o seguinte trecho: "O Leviatã foi um peixe monstruoso criado no quinto dia da Criação. Sua história é relatada extensivamente no Talmud Baba Bathra 74b, onde é dito que o Leviatã será morto, e que a sua carne servirá de banquete para os justos no tempo vindouro, e sua pele será usada para cobrir a tenda onde o banquete será realizado."

Observações

De todos os Príncipes do Inferno, o Leviatã é o único que possui como paradigma, dois aspectos diferentes; Sendo que apesar de ser visto como um Príncipe do Inferno, o Leviatã é também considerado um Monstro Marinho, isso demonstra que é possível haver criaturas que tenham adquirido aspectos desarranjados na Demonologia.
Nos primórdios da navegação marítima, os marinheiros europeus viam o Leviatã como um gigantesco monstro marinho semelhante a uma baleia, geralmente uma serpente marinha, que devorava navios inteiros nadando em torno dos navios tão rapidamente que criava um redemoinho.
Povos antigos acreditavam que o Leviatã pudesse ser a verdadeira causa dos eclipses solares. Eles acreditavam que o motivo do sol está coberto, era pelo suposto fato de que o Leviatã costumava comê-lo por um certo tempo.
Existe uma teoria feita pela Criptozoologia, onde eles argumentam que o Leviatã pode ser uma referência à um réptil aquático, conhecido como Plesiosaurus.
Em algumas traduções da Bíblia, a palavra Leviatã é por alguma razão confundida, e trocada por Crocodilo.
A criatura aparece em 5 passagens do Antigo Testamento, na Bíblia Sagrada.
É bem provável que hajam inúmeras metáforas por aqui.

Fontes de Pesquisa

Galeria de Art Works

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